Fake ou não, uma coisa que essa história de Rei do Camarote
afirma é a necessidade de ostentação da sociedade. Quem tem dinheiro, mostra
isso através das roupas de grifes, dos carros importados, das viagens
internacionais, etc. Quem não tem tanta grana assim, ostenta o realizado sonho
de consumo, que pode ser aquele Iphone de última geração, a viagem bacana do
tão planejado feriado, o prato daquele restaurante chique que a conta é mais
farta que o prato, até o “look” patricinha em frente ao espelho. E, quem não
tem potencial para virar capa de revista, ostenta tudo isso nas redes sociais
mesmo. Viva a internet para alimentar o mundo da fantasia!
Num país que ainda sofre com a pobreza extrema, o mercado de
luxo está em ascensão. Em 2012 foi registrado faturamento de 6,45 bilhões de
dólares nesse segmento, 8% a mais do que o ano anterior. Estima-se que o número
de bilionários no Brasil, que era de 53 em 2012, suba para 130 até 2022. Se
esse indicativo pressupõe que as demais classes sociais também se movimentem e
que mais pessoas saiam da pobreza, ótimo! Mas, se isso quer dizer que a
concentração de renda continuará restrita apenas a uma pequena parcela da
sociedade, então ainda tem muita coisa errada.
Muita gente se indignou com o esbanjamento de dinheiro dos
reis do camarote, que afirmam gastar milhares em apenas uma noite de badalação.
Mais do que isso, a grande maioria ficou chocada com a naturalidade que os
endinheirados anunciam o que parece tão surreal aos pobres mortais. Afinal, a
quantia que gastam em uma noite seria a solução para os problemas de muitos
brasileiros.
Mas, essa é a vida real e a aparição relâmpago dos reis do
camarote não nos deixa esquecer que a desigualdade ainda é muito grande no Brasil.
Não importa quem ganha quanto e muito menos quanto gasta. Desde que tenha sido
com o suor de seu trabalho honesto, é mais do que justo que use o dinheiro da
forma que se sente feliz. O que não é aceitável é saber que, no Brasil corrupto,
muita gente esbanja um dinheiro sujo, muitas vezes roubado do pobre assalariado
que não tem a felicidade de conseguir pagar todas as suas contas com o salário
do mês.
Não há dúvidas de que é necessário maior rigor de
fiscalização, menos impunidade, igualdade de oportunidade a todos os cidadãos,
nenhuma corrupção, mais responsabilidade, verdadeiro comprometimento dos
governantes, real consciência do povo, etc. Quem realmente quer um País melhor,
mais justo e menos desigual, deve realmente lutar e acreditar que é possível,
não apenas indo às ruas para gritar e depredar, mas se conscientizando de que
existem outros caminhos. Chega de mundo de fantasia, vamos encarar o mundo
real!