O mundo virtual está cheio de pessoas engajadas pelas causas
sociais, mas e fora dele? Você já deve ter notado isso cada vez que abre sua
página do Facebook, por exemplo. Basta que surja uma polêmica no País ou fora
dele para que as redes sociais sejam bombardeadas com sentimentos de
indignação, reivindicação dos direitos e clamor por mudanças. Nada contra,
claro! O ambiente virtual está aí para as mais variadas formas de expressão. E,
qualquer tipo de manifesto é válido. O problema é achar que somente isso basta.
Mostrar engajamento no mundo virtual é fácil, afinal não é
preciso levantar da cadeira e ir à luta e, na maioria dos casos, não há riscos
de represália. O comodismo de muitas pessoas em relação aos problemas do
cotidiano contribui para que esses permaneçam sem solução. A verdade é que a
grande maioria não conhece seus direitos ou não os fazem valer. A massa não se
dá conta do grande poder que tem, simplesmente porque “não gosta de política”.
Não há que se gostar de política, mas é preciso ter a
consciência de que nenhum cidadão é alheio a isso, uma vez que vive-se em uma
sociedade democrática. Quando as pessoas perceberem que têm muito mais direitos
do que receber os trocados dados pelo governo, é que talvez aconteça alguma
mudança social e política.
É fácil reclamar do preço do tomate no Facebook, é normal se
indignar com as declarações dos “Felicianos da vida”, é cômodo postar ou
compartilhar protestos contra a corrupção no País. Mas, qual o verdadeiro
alcance disso? Até que ponto é relevante? Um estudioso elaborou uma tese que
diz: “O ambiente online promove a leitura negligente, o pensamento apressado e
distraído e a aprendizagem superficial”. E talvez você concorde se tentar pensar
em quanta coisa lê na Internet e quanta coisa realmente fica fixada na memória
ou promove uma grande mudança em sua vida.
O Brasil tem mais de 64 milhões de usuários no Facebook, é o
segundo país em maior número de adeptos. É uma rede muito expressiva e claro
que os protestos feitos online podem tomar proporções grandiosas, mas é preciso
mobilização real dentro e fora do ambiente virtual. É possível, sim, promover a
conscientização através da Internet. O que não se pode é crer que sua parte
termina ali, após compartilhar ou postar sua indignação.
Li algo que me fez refletir sobre tudo isso: “A mudança que
nada muda é só mais uma contradição”. Que tal começar a mudança por nós? E, a
partir daí, tentar mudar as pessoas mais próximas, os vizinhos, a comunidade, a
cidade e a região em que se vive... Se cada um fizer sua parte, conseguiremos
mudar o mundo. Talvez seja muita pretensão, mas toda grande ação depende de um começo,
por menor que seja. Então, sejamos mais engajados no mundo real, assim como já somos
no virtual.
Muito bom
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