A onda de protesto dos últimos dias leva a uma reflexão: o
povo acordou e está indo à luta? Comum pelo mundo a fora, os protestos sempre
chamam a atenção pela coragem de um povo defender o que se acha justo. Em São
Paulo e no Rio de Janeiro, pessoas estão indo às ruas contra o aumento no valor
dos transportes. Os policiais civis paulistas reivindicam reposição salarial,
aposentadoria especial e reestruturação das carreiras policiais. Existe ameaça
de greve.
Também os índios estão ocupando o canteiro de obras de Belo
Monte e a sede da Funai, em Brasília. Cerca de 150 mundurukus saíram em marcha
pelas ruas da capital do País em busca de serem recebidos pela presidente Dilma
Rousseff. Eles querem a suspensão dos empreendimentos hidrelétricos na
Amazônia.
Em São Paulo, o Movimento Passe Livre reuniu aproximadamente
5 mil pessoas esta semana e resultou em ônibus incendiados, agências bancárias
e lojas depredadas e 20 pessoas detidas. Foram cinco horas em clima de guerra
no confronto com a Polícia Militar.
O governador do Estado e o prefeito da capital paulista
criticaram os atos de violência e defenderam os reajustes na tarifa de ônibus,
trens e metrô por estarem abaixo da inflação. O vice-presidente da República,
Michel Temer, fez coro às críticas e declarou: “A liberdade que a Constituição
garante é a liberdade de expressão, não de agressão”.
Também no Rio houve tumulto e violência, mas novos protestos
estão programados para os próximos dias. Em ambos os estados, manifestantes e
policias se defendem e se acusam entre si para justificar os atos violentos. O
saldo negativo da luta não é legal, claro, mas ir às ruas lutar pelo que se
acha justo é um direito. É o povo gritando que existe e que merece respeito.
Os manifestantes não estão indo às ruas apenas contra 20 ou
30 centavos a mais nas passagens dos transportes, o protesto vai além: é a
reivindicação pela melhoria dos serviços públicos, é o clamor para que os
governantes respeitem o direito de ir e vir, é a exigência do seu lugar na
sociedade. As pessoas estão cansadas de ser ignoradas pelo poder público, de
somente acatar as decisões.
É chegado o momento do povo se conscientizar de que é ele
quem detém o poder e de que não há arma mais poderosa do que o voto. E, o voto
não pode sair barato, em troca de uma cesta básica ou de favores pessoais. O
voto vale a dignidade de toda uma nação, e só através dele é que se pode mudar
as coisas. Vamos continuar com os manifestos, claro, é um direito de todos, mas
vamos mostrar nosso maior protesto nas urnas!