quinta-feira, 19 de maio de 2011

Cinco anos de ausência

Lembro-me, exatamente, do momento em que o telefone tocou. Era do maldito hospital, solicitando a presença da filha. Já se passavam seis dias desde a sua internação, na véspera do Dia das Mães. E, naquela sexta-feira, 19 de maio de 2006, foi a dada a pior notícia que eu poderia receber. Ela não resistiu e partiu, me deixando sozinha. Logo eu, que sempre me achei autosuficiente, me senti sem chão, sem asas, sem rumo!

Uma dor imensurável me invadia de tal forma que pensei que fosse enlouquecer. E, naquele momento ainda me vieram falar de Deus! Que Deus é esse que ignorou minha súplica, e levou a única pessoa que me importava? Minha companheira, minha plateia, a pessoa que me amava incondicionalmente, sem pedir nada em troca. Que misericórdia é essa, desse Deus cruel, que deixava uma pessoa generosa e digna sofrer novamente com um câncer que já havia sido curado? Tudo o que eu não queria naquele momento era saber desse Deus que dilacerava meu coração!

Foram dias de cama, choro e desespero, até que a realidade batia a minha porta. A vida me cobrava reação, eu tinha que continuar! Não tinha vontade de seguir adiante, mas a faculdade e o trabalho me esperavam. Só queria ficar quieta no meu canto e não encarar a felicidade alheia. Estava destruída, minha vida virava de cabeça para baixo. Não conseguia permanecer na casa onde tudo me lembrava sua presença. Sua ausência me matava.

A família me acolheu: mudei de casa e de cidade. Os amigos me davam força. Parecia um zumbi, vivendo mecanicamente, sem vontade. Pensava em acabar com tudo, mas, me faltava coragem. A depressão se apoderou sorrateira e cruel. Mas, como dizem: nada melhor que o tempo (e um excelente psicoterapeuta)! É verdade. Não que não tenha aqueles dias mais tristes, não que a saudade não seja constante, mas os sentimentos vão se acalmando e se transformando. Hoje já consigo falar sobre o ocorrido, já consigo lembrar dela somente nos bons momentos, e não apenas nas tristes lembranças daquela data.       

5 comentários:

  1. O que dizer?
    Muito triste perder alguém que ama, só de imaginar já dá um medo danado, aliás, pavor!
    Sou espírita e acredito que a morte do corpo não é o fim, mas é o começo da ausência de alguém importante no seu dia a dia, nesta encarnação que continua para você, então com certeza é dolorido sim.
    Admiro aqueles que, como você, conseguem se refazer, conseguem seguir adiante, não sei como será se acontecer comigo e com algumas pessoas pontuais (pai, mãe, filha, irmã mais velha), enfim. Se acontecer, espero encontrar tão bons amigos, familiares e te ligo para pedir o telefone do terapêuta, com certeza.

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  2. Bom, no meu caso, por ainda não ter perdido ninguém assim tão importante, a lição que fica é a vontade de viver cada dia ao lado das pessoas amadas com muita força, muita alegria. Ai, vontade de ir para ITU hoje!!!!!!!

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  3. Precisa de palavras para comentar??? Acho q não... quer dizer, somente uma que você mencionou no texto para 'abreviar': TEMPO! Somente 'ele' (ela:palavra) pode decifrar, resumir, acalmar nosso coração...
    Sei muito bem oq vc passou e passa flor!
    Estou contigo, SEMPRE!

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  4. Quando a minha primeira mãe morreu, também fiquei sabendo por telefone. Mas meu caso foi outro, pois não cresci com ela, a perdi pouco antes dos cinco anos de idade...
    Por mais que saibamos que devemos aproveitar a presença das pessoas enquanto vivem, NUNCA aproveitamos o suficiente.
    A lógica maior do mundo é, também, a pior de ser encarada: a de que, uma vez gerado, nascido, vivido e se desgastado, é hora da matéria morrer. Como Carmem diz, dá medo de pensar, mesmo sendo uma coisa óbvia, cruel e friamente óbvia. Daí a pessoa se pega a perguntar: porque viver a partir de agora? Não é justo ter de seguir a vida sem essa pessoa que se foi...

    Enfim, palavras vêm, mas não descrevem o sentimento que você deve sentir!

    Beijo!

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  5. Ai Vi, ainda me emociono com esse fato, acho que foi triste para todos aqueles que a conheceram, que puderam conviviver...uma pessoa maravilhosa, que cumpriu sua missão e com certeza deixou muita saudade!! Mas sei que está bem, acredito que nada é por acaso, Deus foi misericordioso com ela, poupando-a de sofrimento...bjus

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