“O homem primitivo viveu no Paleolítico, no Mesolítico e no
Neolítico. O atual vive no Ansiolítico.”
Li essa frase passeando pela timeline do meu Facebook e
parei para refletir. Realmente, as pessoas estão muito ansiosas com tudo
atualmente. A pressão social causa isso, não por acaso a depressão já foi
taxada como o mal do século. Estar nos padrões, na maioria das vezes, leva à
frustração. E, quebrar paradigmas exige força e personalidade. No meio termo, o
indivíduo acaba vivendo com aquela ansiedade constante de procurar seu lugar no
mundo. Acaba seguindo o fluxo e se rendendo ao estado comum, vira e mexe com
aquela pontada de insatisfação, aquele pensamento de que poderia ser muito
mais, dar muito mais de si à vida.
Ora, a vida é simples. Então, porque tantos questionamentos?
Fácil de responder: muitas pessoas não vivem aquilo que realmente gostaria. Existem
as que gostariam de trabalhar com o que amam, mas se rendem a um emprego “estável”;
as que sonham em viajar o mundo, mas fincam raízes e se habituam; as que queriam
ter mais tempo para aproveitar a vida, mas são engolidas pela rotina. Enfim, você
deve ter algum sonho ou projeto que ainda não realizou por conta de um
obstáculo que pensa ser maior do que realmente é.
Dia desses, saindo de casa para o trabalho, me deparei com
um senhor catando papelão pelas lixeiras do bairro. Ele fazia isso cantando ópera
italiana, com uma voz espetacular. Fui andando bem devagar para apreciar por
mais tempo e segui meu caminho pensando sobre a vida daquele homem, sobre o que
o levou a catar papelão nas ruas. Lembrei-me do tempo em que trabalhei no
crediário da Casas Bahia e tinha um cliente que também era catador de papelão e
tinha uma ficha impecável, com aquisições caras e sem nenhum atraso.
Outro dia, ainda, meu namorado foi colocar algumas caixas de
papelão na lixeira em frente ao prédio e engatou uma conversa com um homem que
também catava papelão. Ele era de alguma ilha do Caribe, mas como gostava de conhecer
vários lugares do mundo, se virava como podia. Meu namorado ficou impressionado
com a lista de países que o tal homem disse já ter visitado. Ficamos debatendo
sobre esse tipo de pessoa com espírito livre, que não se prende a convenções
sociais.
Concluo que falta um pouco mais de coragem às pessoas para
quebrar paradigmas sociais e viver seus sonhos. Nos iludimos com a segurança de
uma casa própria e de um emprego convencional que nos consome a maior parte do
dia para pagar as contas, ansiamos por um amor que nos dê segurança emocional,
tentamos seguir as referências de “sucesso” para nos sentirmos bem sucedidos. Seguimos
o padrão para sermos taxados de “normais”. Isso é garantia de felicidade? Cada
um tem uma resposta particular para isso. Afinal, como já disse Caetano, cada
um sabe a dor e a delícia de ser o que é.